quinta-feira, 1 de abril de 2021

Explorador de Sentimentos

 Oilá!
Essa é uma fanfic de um jogo que está me tomando um certo tempo: My Time at Portia. 

Acredito que não é preciso ser um profundo conhecedor do jogo para entender a fanfic.

Boa leitura!

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    Em Portia, mais um dia chuvoso havia começado. Com uma espada simples, uma picareta, um pouco de comida e muita determinação Iilah decidiu explorar as ruínas abandonadas que ficavam atrás da sede da defesa civil.  

    Ao entrar nas ruínas deparou-se com o belo Arlo, homem forte, alto, de olhar distante com belos cabelos ruivos escuros que possuía personalidade cuidadosa juntamente com um forte senso de justiça e, além de tudo, era o corajoso líder da defesa civil de PortiaIilah paralisou por um instante. Desde sua chegada na cidade para substituir a antiga função de seu pai, ela encantou-se pela personalidade e pela distinção de Arlo, observando-o deslumbrada quando o via fazer sua vigília diária. Recentemente martelara o próprio dedo quando o homem passou por sua oficina enquanto ela trabalhava em uma encomenda, é provável que ela nunca sentira-se tão estúpida. A paralisia causada pela timidez e o bater forte de seu coração dissipou quando lembrara de mais uma encomenda que precisaria entregar no dia seguinte.  


  • - Olá Arlo, como vai? - Ela disse tentando esconder o quão desnorteada havia ficado. 

  • - Olá Iilah, vou bem, e você? - Respondeu o mais alto, virando-se em sua direção. - Buscando matéria prima para os pedidos da guilda do comércio? 

  • - Ah sim, vou bem e, sim, estou à procura de alguns minérios e relíquias.  

  • - Que legal! - O homem sorriu. - Depois você me conta o que achou.  

  • - Sim, claro. - Disse a moça de cabelos púrpura com a cabeça baixa, tentando ocultar o rosto vermelho pelo fervor do seu coração.  


    Despediram-se e a jovem seguiu seu caminho em busca de minérios e preciosidades de outras eras.


 Cerca de três horas se passaram, sua mochila estava farta de relíquias, então que ela se depara com uma construção rara. Uma estrutura de metal com uma escotilha meio aberta, um ar denso exalava pela abertura assim como um silêncio sepulcral ensurdecedor, completamente diferente da ausência de ruídos da ruína onde estava, lugar este onde o som de sua picareta costuma reverberar. Muniu-se de sua coragem e empunhou a espada que carregava em suas costas, decidindo na mesma hora adentrar o local inexplorado.  

    Forçou a escotilha que, para sua surpresa, cedera com facilidade. Diferentemente de outra estrutura que encontrara em uma ruína distante, lá Iilah pensou que necessitaria de um pé de cabra ou coisa parecida. Sentiu o frio percorrer sua espinha, pois tudo parecia anormal ali.  

    Por fim, escorregou para dentro da estrutura, ligou sua lanterna e começou a percorrer os corredores feitos de metal com portas largas de formatos diferenciados. Notou uma substância viscosa próxima de uma porta aberta, averiguou com cuidado e constatou ser fluido de alguma criatura que ali morava, sabia disso pois havia conversado muito com Sam sobre as criaturas que podem ser encontradas nas ruínas abandonadas ao redor de Portia. Respirou fundo e seguiu adiante, já que as demais portas estavam emperradas e Iilah não era capaz de abri-las com as mãos nuas. Seus passos ecoavam pelas paredes de metal até que outro som se fez; um som úmido e viscoso parecia se aproximar. O coração disparado pelo medo chegava a ensurdecer a moça. Preparou-se e avançou quando o ser gosmento chegou perto de mais, a espada que empunhava cortou o corpo flácido em pedaços com seus golpes imprecisos, mas eficazes.  

    Iilah usou um pedaço de pano para limpar a lâmina da espada e coletou o que sabia ser útil daquele ser estranho para então prosseguir com sua jornada. Ela sabia que naqueles lugares, chamados de quartos ocultos, haviam caixotes com itens de alto valor para serem apreciados pelos habitantes da cidade, era sua chance de conseguir barganhar melhorias para sua oficina.  

    A cada sala, a cada corredor, Iilah vasculhava os cantos atrás de itens deixados pelos habitantes do velho mundo até que em determinado momento escutou um som diferente. Diferente de seus passos.     Diferente das gosmas que perambulavam por aí. Era uma voz grave que a paralisou, ficou ali agachada até que... 


  • - Morra coisa nojenta! - Gritou a voz com aparente raiva.  


    A jovem Iilah tomou-se de pé e acelerou o passo, correndo tão rápido quanto conseguia com sua mochila cheia de coisas pesadas. Munida com sua espada em punho e sua coragem deixou que seus ouvidos a guiassem até a sala correta, no caminho notara alguns restos do que deveriam ser os monstros daquela estrutura, ela provavelmente estava no caminho certo. 

    Em um ato quase desesperado cruzou sua espada com o corpo rígido de uma criatura que ela nunca vira antes. Devido ao impacto, o ser monstruoso caiu ao chão, recebendo outro golpe no que deveria ser seu pescoço. Tomada pela adrenalina, Iilah viu Arlo cercado por mais dois monstrengos muito parecidos com o que acabada de invalidar, então deixou que a mochila caísse ao chão, partindo como um cão feroz para cima daquelas coisas horrendas. O jovem homem reagiu com igual fúria, avançando sobre um dos seres, como se esta fosse sua única chance de lutar pela vida. O exímio aventureiro e a exímia construtora ficaram costas com costas, suas espadas apontadas para as criaturas que resistiam às suas investidas. Um som grave e retumbante se fez presente.  

  • - Outro? - Arlo murmurou com aparente receio de ter que lidar com algo maior.  

  • - O chão! - Iilah gritou quando sentiu-se perder o equilíbrio.  


    Ambos caíram em um vazio repentino.  

    

    Após recobrarem a consciência, os dois perceberam que os escombros haviam inviabilizado os movimentos dos monstros, levando-os à morte. O homem olhou para a jovem sentada próximo a si que olhou-o de volta. 


  • - Você está bem, Iilah?! - Questionou avançando sobre ela com preocupação. 

  • - Sim... - Disse a moça com olhos arregalados de espanto.  

  • - Tem certeza? - Questionou mais uma vez, tocando o arranhão na perna da jovem, o que deixou-a estática, mais uma vez. - Está sentindo alguma dor? 

  • - N-na-não...- A voz sumira de sua garganta. O rosto de Arlo estava muito próximo ao seu.  

  • - Consegue se levantar? - Perguntou ele olhando a abertura acima de ambos. - Parece que o chão cedeu. Vamos ter que encontrar uma forma de sair daqui.  

  • - Minhas coisas, onde estão? - Disse Iilah olhando ao redor enquanto se levantava e vendo somente escombros. - Essa não, ficaram lá em cima! Minha picareta! Minha corda! 

  • - Ficou tudo lá? - Perguntou Arlo. - Vou tentar subir e jogo a corda para você.  


    A moça apenas assentiu com a cabeça e assistiu Arlo escalar algumas rochas que sustentavam o quarto oculto. Ela estava admirada em ver o quanto ele era forte e resiliente, sem contar o cuidado tomado por ele em se apoiar nas vigas e rochas para que não caíssem sobre moça.  


  • - Estou vendo a mochila! - Gritou ele de lá de cima. - Só preciso pular até lá. 


Então o homem tomou impulso como podia e saltou na direção da mochila de Iilah, passou a mão pela alça e quando pretendia se apoiar em uma parte aparentemente estável do chão que virara teto, o mesmo desestabilizou-se e cedeu, fazendo a gravidade levar o ruivo para baixo consigo. No trajeto Arlo sentiu algo chocar-se contra suas costelas e contra os ossos abaixo de seu joelho. Caiu de mal jeito próximo à Iilah, que o encarava em profundo desespero, pois não conseguira agir, e mesmo que pudesse, provavelmente ficariam ambos lesionados. 


  • - Arlo!! Você está bem?! - Perguntou a moça atônita. 

  • - Ahrg! Minha perna! - Gritou o ruivo.  


    Iilah prontamente olhou ao redor, vendo se a mochila havia caído junto com o homem. Ela estava certa de que havia trazido consigo ataduras e um emplastro que preparara no dia anterior. Para seu alívio, encontrara o item e sim, o que ela precisava estava lá. Ajoelhou-se ao lado de Arlo, que permanecia deitado no chão irregular, buscou uma lâmina dentre seus pertences para cortar a calça do homem. O local exato era visível pela protuberância na pele, uma aparente fratura simples sob um corte fundo que jorrava sangue. Iilah apressou-se, cobrindo e preenchendo todo o corte com o emplastro, em seguida pegou um cano fino que encontrara durante sua escavação, posicionando ao lado da perna lesionada e amarrando de forma suave, mas concisa, com as ataduras e o retalho da própria calça de Arlo 


  • - Como está sua respiração? - Perguntou ela, pois vira que ele estava com a mão sobre as costelas. 

  • - Nada mau, só dói um pouco. - Disse o ruivo sorrindo. - Só espero que não tenha quebrado também. 

  • - Por via das dúvidas, é melhor você não se mexer muito, vou calçar seu pescoço, por precaução.  

  • - Haha! - O homem riu, deixando a moça olhando para ele, confusa. - Onde aprendeu a fazer tantas coisas?  

  • - Faz um tempo que eu converso com os habitantes daqui, achei que seria útil aprender algumas coisas de primeiros socorros com o Dr. Xu para que eu pudesse me virar enquanto coleto recursos. - Disse ela apoiando a cabeça de Arlo em um amontoado de lã que esquecera na mochila. 

  • - Ah sim, então foi por isso que te vi tantas vezes andando pela cidade. - Os olhos do homem pareciam cabisbaixos. - Parece que o Dr. Xu tem um apreço diferente por você. - Murmurou.  


    Iilah, não gostou muito do rumo daquela conversa, já que não estava entendendo o porquê de tal comentário, naquele silêncio, até os pensamentos eram audíveis, e ela realmente estava mais preocupada em sair do quarto oculto e daquelas ruínas. Talvez Arlo tenha batido mais algum lugar? Ela não sabia, com medo dele ter batido a cabeça na queda, decidiu mudar o assunto e conversar com ele para que não adormecesse.  


  • - Arlo. - Interrompeu ela, sentando-se ao lado do jovem. - Remington e Sam sabem que você está aqui não é? 

  • - Sim, sabem...Porém, eu disse que ficaria dois dias vasculhando e limpando essa parte das ruínas abandonadas.  


    Pode-se dizer que Iilah percebeu uma ponta de culpa nas palavras do ruivo. Ela buscou animá-lo, mas ele estava preocupado, assim como ela, contudo, seu lado divertido não se machucara na queda afinal.  

    Passaram mais algum tempo conversando até que a moça sentiu seus pelos se arrepiarem. Um frio denso parecia querer adentrar sua pele e tocar seus ossos. Então ela tremeu. Arlo, percebendo a reação involuntária da moça, tentou orientá-la. 

  • - Quando anoitece, aqui em baixo fica bem mais frio que lá fora, como se estivéssemos no inverno. - Explicou ele e continuou. - Eu trouxe uma bebida que alivia um pouco essa sensação, mas como a sua roupa é bem leve, talvez não seja tão eficiente. Pegue aqui. - Ele então estendeu para ela um frasco pequeno com um líquido róseo vibrante. - Pode ficar tranquila, vai ter o suficiente pra nós dois, inclusive se ficarmos uma semana aqui em baixo, por isso, o gole deve ser pequeno Iilah.

  •   

  • - Certo... - Um pouco hesitante, Iilah tomou o frasco em mãos e bebeu conforme orientado. Olhou para Arlo que, encarando-a, havia aberto a boca. A moça paralisou por um instante e sentiu um calor forte queimar seu pescoço e orelhas, mas não era efeito do líquido rosa misterioso. 

  • - Iilah. - Chamou ele. - Vai me deixar congelar de frio? - Indagou enquanto abria a boca novamente. 

  •  

    Ela então, despejou uma fração do líquido e assistiu o jovem sorrir após deglutir. O calor que consumia a moça pareceu aumentar e sua respiração ficara irregular a ponto de precisar controlar-se com um suspiro involuntário que, em sua mente, era sua ruína. Já fazia tempo que ela estava interessada no ruivo, mas aquele não era o momento adequado para qualquer tipo de charme. 

 

  • - Venha cá. - Disse Arlo, movendo o braço que estava ao lado de seu corpo para cima, alinhando-o com a cabeça. - Suas roupas são muito leves, deite aqui, vai se sentir mais acolhida. - Seus olhos fitavam algo no sentido oposto à Iilah. 


    Iilah estava muda. Eram raras as oportunidades de ficar tão próxima à Arlo, sentiu o rosto avermelhar-se mais ainda, se é que isso era possível, então deitou-se ao lado do jovem. Conversaram mais um pouco sobre coisas simplórias, como sua vida antes de se mudar para Portia e as aspirações de Arlo em, um dia quem sabe, fazer parte dos Flying Pigs. O tempo passou e ambos adormeceram.  

    É difícil dizer que horas eram, já que estavam debaixo do solo em meio às ruínas abandonadas, o relógio biológico fez sua parte, contudo, Arlo sempre acordou muito cedo, portanto ele despertou primeiro. Olhou ao redor e desejou voltar a dormir, pois aquela situação na qual se encontrava era deveras desagradável exceto pela presença ao seu lado. De algum modo que ele mesmo não soube compreender, a companhia silenciosa de Iilah lhe fazia bem e lhe aquecia o coração. Aquela não era a melhor ocasião para tais pensamentos, mas ele desejou ter a oportunidade de vivenciar algo parecido novamente, com exceção do local, pois convenhamos, o efeito do líquido “mágico” que bebera reduzira consideravelmente fazendo a umidade e o frio daquele buraco afetar-lhe o corpo, mesmo que sentisse as bochechas quentes. Arlo permitiu-se observar o semblante tranquilo da moça que dormia em seus braços. “Como ela poderia estar tão calma?” Pensou enquanto afastava uma mecha de cabelo violeta do rosto adormecido.  

    

    Talvez fosse o relógio biológico de Iilah que a despertara, ou o afago sutil que recebera do ruivo, o fato é que ela acordara de seu sono nada revigorante. Deparou-se com um par de safiras a encarando.    Mesmo a meia luz os olhos claros reluziam encantadoramente. Mais uma vez o sangue lhe subiu à cabeça e, pela posição em que estava, não poderia ocultar o rubor. Sua mente parou de trabalhar quando o toque suave e macio apertou-se contra seus lábios fazendo seu coração bater tão forte que poderíamos compará-lo à uma explosão de fogos de artifício.  

    Arlo sentiu a textura áspera da mão da moça tocar-lhe a face levemente, despertando-o para a confusão em sua mente. Ele não fazia o tipo romântico, não dessa forma, muito menos em uma situação perigosa e delicada como aquela, tão delicada quanto o entrelaço de línguas se movendo tão naturalmente quando o curso de um rio calmo. Sentiu o corpo pedir por movimento, foi quando tentou mover-se para cima da jovem, mas foi impedido pela dor em sua perna.  


  • - Arlo... - Sussurrou Iilah quando o beijo fora interrompido pela dor do outro. Ela então se pôs ao lado do ferimento, desfazendo as ataduras para averiguar se o corte não infeccionara. 

  • - Estou bem Iilah, de verdade. - O homem estava um pouco atordoado pela mudança repentina de sensações sobre si, mas tentou acalmar a jovem. 

  • - Você pareceu estar mesmo. - Murmurou. - Felizmente não infeccionou, está melhor que ontem, na verdade, o sangramento parou. - Disse alegre, tentando encobrir a excitação em seu peito.  


    O silêncio passou a reinar sobre eles, somente o murmúrio opressivo do ventre da terra era ouvido enquanto a moça passava um pouco mais de emplastro na perna do outro. Decidiu então que iria averiguar o detector de relíquias afim de saber se ainda funcionava. Certa vez ouvira Petra dizer que, se alguém perdesse o detector nas ruínas, o corpo da defesa civil era capaz de encontrá-lo por um localizador que ela aprendera a fazer com um dos discos de dados que possuía. Iilah estava rezando para que aquilo fosse aplicável à todos os detectores e não somente à um protótipo.  

    Após algum tempo de tentativas conseguira fazer o equipamento voltar a funcionar, contudo, detectores com localizadores ainda estavam sob testes e não foram aplicados por completo, mas Iilah não sabia disso, portanto, estava esperançosa. 

    Arlo observou-a trabalhar com maestria, reconhecendo o dom da jovem em trabalhos manuais e sua resiliência em buscar soluções mesmo quando tudo parece perdido. Arlo sabia que alguns detectores já possuíam o localizador, só não sabia se aquele era um deles. Ele estava torcendo para que fosse, e que os demais integrantes do corpo de defesa civil estivessem à caminho, não somente pela lesão grave em sua perna, mas também porque não sabia quais palavras usar após ter beijado a moça de fios púrpura. Arlo estava se sentindo meio burro naquele momento.  

    Iilah, assim como o homem, não sabia muito bem quais palavras usar. Decidiu então procurar um pouco de alimento na mochila, ela estava certa de que havia trazido algumas maçãs vermelhas, bem grandes e suculentas. Ofereceu-as à Arlo que aceitou a contragosto, pois era mais adepto à carnes, mas em situações de crise, não se pode escolher muito, sem contar que as maçãs manteriam as bocas ocupadas de mais para emitir qualquer comentário, o que era uma vantagem, mas também estariam impedidas de se tocarem mais uma vez.  

    Ambas cabecinhas giravam em torno das sensações do beijo que haviam dado. Tão natural como um rio... O dilema entre se aproximarem novamente, ou nunca mais tocar no assunto. Verdade seja dita, assertividade não era o forte de nenhum dos dois, mas Iilah resolveu tentar usar essa habilidade tão difícil de ser dominada.  

    Com um suspiro energizante, a jovem levantou, pegou sua mochila e sentou-se ao lado de Arlo novamente. Colocando a mão sobre o peito do homem ela disse: 


  • - Nós vamos sair daqui, vai ficar tudo bem.  


    Aquilo pareceu servir de incentivo ao homem, já que colocou-se sentado pela primeira vez em horas, passou a mão pela nuca da outra e despejou outro beijo nos lábios delicados com sabor de maçã doce. Iilah sentia a pele áspera da palma da mão de Arlo roçar a pele abaixo de seus cabelos, tencionando-os com os dedos fortes. 

    A respiração pesada chocava-se contra os rostos sujos de poeira, corações acelerados enrubescendo os lábios de ambos. 

    Não se sabia que horas eram. Não distinguiram a passagem do tempo, mas para quem estava na superfície, fora daquele breu empoeirado, já era fim de tarde e Iilah não entregara a encomenda à guilda do comércio e nem fora vista em sua oficina durante todo o dia, o que deixou Emily preocupada, já que sempre que passa pela oficina, vê Iilah trabalhando incansavelmente. Paulie era quem receberia a encomenda da artesã e estranhou a não entrega do serviço, já que Iilah sempre fora muito pontual e sempre cumprira com os contratos que recebia. Este último entrou em contato com a guilda do comércio e foi informado que lá nada sabiam sobre a moça, até que encontrou com Emily que explanou seu desconforto em não ter notícias de Iilah. Decidiram então comunicar a equipe do corpo civil: Remington e Sam. 

       Após conversarem muito com os cidadãos mais próximos de Iilah a equipe do corpo civil soube que a moça estava preparada para escavações intensas nas ruínas. Averiguaram o sistema onde davam baixa nas taxas pagas para escavações e notaram que a moça estava habilitada naqueles dias, porém, um kit de explorção não fora devolvido. Acreditando que o kit faltante provavelmente estaria com a jovem, prepararam uma excursão de resgate.  

    Sam notou os túneis feitos por humanos e seguiu o complexo labirinto até encontrar a entrada para um quarto oculto, chamando então Remington para que se reunisse à ela. Ambos notaram a escotilha completamente aberta, o que lhes dera a certeza que alguém entrara ali. Cautelosamente percorreram os corredores de metal, seguindo rastros de monstros mortos que, por sorte, ainda não exalavam odor algum, para então se aproximarem de um grande buraco no piso da sala onde findavam os rastros.  

    Olharam para baixo, viram Arlo deitado no chão e Iilah ao seu lado, segurando o detector de relíquias. Chamaram por eles e a moça, ao vê-los, começou a chorar. Os dois encarcerados foram resgatados com sucesso e levados até o Dr. Xu que tratou muito bem dos arranhões da jovem e providenciou uma cama para internação do ruivo, já que ele sofrera ferimentos graves que precisavam ser observados e tratados.  

    No dia seguinte Arlo recebe alta, saindo do consultório com a metade inferior da perna engessada, pois sua fíbula havia se partido com a queda. Por sorte, as costelas estavam intactas, assim como demais partes do corpo.  

    Durante o resguardo para se recuperar do susto que levara, Iilah decidiu cozinhar para afastar os pensamentos ruins e preparou um macarrão com frutos do mar. Contudo, sua mente estava presa às sensações vivenciadas através dos beijos trocados com Arlo e talvez esses pensamentos tenham dado um tempero a mais no prato que preparava. O cheiro da comida preenchia sua casa e escapava pelas frestas das janelas e porta, sendo levados pela brisa até a residência do líder do corpo civil.