* Este conto foi achado no meio de alguns papéis bem velhos, provavelmente do período de 2009 a 2010. Tentei manter aqui a fidelidade à versão manuscrita, então podem haver muitos erros! Hahaha. Boa leitura. *
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Festa de fim de ano. Reunidos no salão haviam muitos
amigos e conhecidos. O jantar já havia sido servido, no telão, fotos do ano que
passou e, sentada na cadeira estava Michele. Junto dela estavam seus amigos
Júlio, Rafael e Edward.
Uma
música contagiante começou a tocar logo depois dos discursos de pessoas
importantes, fazendo muitos levantarem, mesmo os quatro amigos que não estavam
com tanta vontade de dançar.
Michele
cruzou as pernas e, numa bela sincronia, Rafael olhou para elas no mesmo
instante, ficando de queixo caído. Isso por que a menina usava um vestido preto
que modelava seu corpo recém adquirido com a dieta que fizera durante todo o
ano, e indo até quase o meio da coxa. Em seus pés uma sandália com salto muito
alto, os cabelos meio presos e uma maquiagem penetrante nos olhos, deixando-a
sensual como nunca vira antes. Nem ele, nem os outros dois e muito menos os
demais convidados. Os olhos do garoto estavam vidrados, porém, um chamado para
uma foto o fez retornar à realidade.
Algum
tempo depois, depois de salgadinhos e alguns copos de vodka, a jovem sentiu o
quão quente estava dentro do salão e levantou-se, seguindo para a porta do
fundo onde poderia tomar um ar fresco. Em seguida, um garoto de jeans, camisa
de xadrez fino e cabelos castanhos se aproximou, tocando a mão da morena e
entrelaçando seus dedos.
-
Oi Mi. O que faz aqui fora? – Virou-a de frente para si e sorriu.
-
Tomando um ar. - \ela sorriu de volta com seu bom humor característico.
-
Tá querendo seduzir quem com esse vestidinho de piriguete? - Ela sorriu. – Só tem velhos, o Daniel e nós
aqui. Hein?
- E
se eu não quiser seduzir ninguém? – Ela deu um passo a frente, os olhos
vidrados no do garoto mais alto e um sorriso diferente no rosto.
-
Então deveria ter escolhido outra roupa. – Disse o garoto.
- Sério?
Por quê?
A
essa altura a mão de Rafael já repousava na cintura fina, seus corpos
praticamente colados. Com os olhos brilhando de desejo, o coração batendo
forte, a pele transpirando disfarçadamente, exalando todos os sinais químicos
que somente os inconsciente de um homem emitindo os mesmos sinais poderia
reconhecer. Só faltava a confirmação, esta não seria dada pela química, mas sim
pela linguagem corporal minuciosa, sutil e exata.
-
Esse vestido provoca, por isso.
-
Quer dizer que esse vestido te provoca? – Ela inclinou a cabeça para o
lado, deixando à mostra o pescoço sem adornos, dando ao outro a permissão de
possuí-la da forma que quisesse. Então a consciência se foi, o tempo parou a
música, o farfalhar das árvores e a voz das pessoas. Só uma palavra foi ouvida “É”.
Foi a única coisa que ele disse antes de segurar o queixo suave e beijar os lábios
finos.
Poderia
durar a eternidade se eles quisessem e, se houvesse mais alguém no local,
poderia ver as faíscas de tal contato.
Ela
separou seus lábios deixando que a língua dele se enrolasse à sua numa dança
quente, sensual e perigosa. Perguntando-se qual o perigo? A possibilidade de
sua mãe, da mãe do garoto e das amigas verem. E qual o problema de algum deles
ver? Ela não poderia mais dormir com a sua presença no mesmo cômodo. Rafael enroscou
os dedos nos cabelos negros, intensificando o beijo e tento o corpo esbelto
todo entregue em seus braços.
Se
separaram. Michele sorriu para ele e entrou novamente no salão abafado seguindo
direto para a pista de dança. Cumprimentou os amigos e deixou-se se levar pelo
som alto. Só saiu para pegar outro copo de vodka com gotas de limão e tomar um
pouco de ar frio que entrava pelas janelas.
Cerca
de vinte minutos se passaram, m par de mãos robustas segurou firme o quadril da
morena e jogou com ela na sincronia dos corpos embalados no ritmo sensual que a
garota impunha. A cada grau que subiam na escala da sedução, os feromônios
deixavam o garoto mais “bêbado” e ela ficava mais solta com o álcool correndo
em suas veias. O mais alto testou o perfume que ela usava, aspirando-o desde a
base do pescoço até os brincos em sua orelha, depositando ali um beijo suave
que arrepiou a pele macia.
Ela
estava entregue, ignorando totalmente os olhos dos presentes e, ainda de
costas, aconchegou sua mão nos cabelos cacheados do amigo, deixando que ele
beijasse seu pescoço e subisse uma das mãos até o alto de suas costelas, onde
ela ficava louca.
Permaneceram
nesse jogo grande parte da noite, até que as músicas ficaram desfavoráveis ao
clima antes perfeito. Então eles e os
outros amigos foram se sentar à mesa para repor as energias e acalmar o
coração. Ao contrário do que se pensa, os amantes não focaram trocando olhares
cúmplices, mas sim emprestaram seu tempo aos amigos queridos.
Os
demais convidados já tinhas debandado, ou pelo menos boa parte delas. A festa
estava acabando, o brinde já fora feito, era mais de meia noite e eles não se
tocaram mais, até o momento em que ele deu a deixa para que se encontrassem do
lado de fora na noite fria. Rafael puxou-a para perto de si, conduzindo-a até a
parede mais próxima e pressionando seu corpo no dela. As mãos deslizavam pelas
curvas praticamente esculturais, ultrapassando alguns limites do tecido preto,
acariciando a pele suave e beijando os lábios com mais volúpia que antes. Ele
interrompeu o ato antes que suas vontades sexuais sabotassem o cérebro e
liberassem os instintos mais selvagens de um macho que caíra nas armadilhas
envolventes da fêmea.
No
momento em que separaram os lábios Júlio surgiu pela porta próxima, chamou o
amigo para que fossem embora e logo saiu de cena.
-
Minha carona chama. – Sorriu tenro e beslicou suavemente a bochecha rosada. –
Tchau.
- Tchau. – Disse ela num tom
manhoso, calmo e carinhoso com um biquinho nos lábios delicados.
Eles se abraçaram. A menina roubou
um selinho e riu travessa.Ficou parada até o garoto alto desaparecer pela
porta. Recostou-se na parede e, mordendo a articulação do indicador direito, riu
com seus botões.
Depois de planejar por muitos meses
Michele conseguiu o que há tanto sonhava: o beijo do garoto que mais balançara
seu coração nos últimos dois anos.
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