quinta-feira, 9 de novembro de 2023

My Sweet Sin

 Oilá a todos!

Este é um breve conto que escrevi há muitos anos atrás.

Fiz algumas breves revisões, afinal, eu era adolescente e minha escrita era duvidosa, não que hoje seja um primor. rs

Aproveitem a leitura!

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Talvez aquele fosse mais um dia comum. Talvez fosse um dia em que tudo mudaria. Ou somente mais um lindo dia de sol.

Infelizmente, aquele era um dia comum, cujo céu estava cheio de nuvens, o vento soprava forte e os raios de sol se espremiam pelas frestas finas no algodão pesado.

Ela saíra do trabalho cerca de meia hora mais cedo. Já estava no carro dirigindo para casa. Olhou no relógio digital do painel.” Não pegarei trânsito. Perfeito!” Ela disse mais para si do que para qualquer outro ouvinte curioso, seja deste, ou de outro mundo e então acelerou para fugir daquela agitação entediante que era o trabalho. Correndo sozinha numa competição com o tempo para ver quem chegaria antes. Mesmo que aquele fosse um dia monótono, ela estava feliz e, com certeza, quem olhasse seu rosto, ainda que por poucos segundos, sorriria um sorriso igualmente feliz.

Depois de descer a rua e virar a segunda esquerda, até chegar onde o asfalto se transformava em terra batida, ela chegaria em casa. Bastava abrir os portões, ser calorosamente recepcionada pelos cães amorosos e abrir a porta da cozinha. Ah. Mas isso não bastava para que suspirasse de alívio. Teria que andar a passos rápidos pelo corredor, jogar a mochila no tapete e se esparramar pela cama desarrumada, ocupada por folhas de papel rascunhadas, roupas e sabe-se mais o quê.

Ela não era a pessoa mais organizada do mundo. Os demais cômodos da casa permaneciam limpos e arrumados. Mas o quarto, ah, a bagunça de seu quarto era sagrada e tinha seu charme.

Quando sentiu os músculos das costas darem trégua, se esticou de todos os modos até retirar as roupas, restando somente a calcinha azul com rendinhas e lacinhos. Deixou a pele sentir o ar demasiadamente fresco que entrava pela janela. Sentiu os mamilos ficarem rijos com o frio. Sentiu os pelos se eriçarem. E amaldiçoou aquele que estava ligando para seu celular justamente durante seu ritual de relaxamento pré-banho.

– Alô?- Sua voz estava grave, como sempre fazia para impor algum respeito quando estava descontente.

– Ann? Oi! É a Nádia!- Uma voz alegre fez o coração dela palpitar.- Você, por acaso, não tem compromisso amanhã, certo?

–Ah. Oi Na..Compromisso.. bem..- Um compromisso para amanhã.Não era bem isso que a mulher queria ouvir. Podem ter certeza de que, realmente, não era.- Não tenho nada, por que pergunta?

–Você não trabalha amanhã?

–Trabalho, mas é o dia em que posso entrar mais tarde. Ainda não entendi-

–Então vamos comer pasta!- Nádia disparou, sem deixar a outra responder.- Fico pronta em uma hora, tudo bem?

–Uma hora? Mas acabei de chegar em casa...- Disse com a voz manhosa como uma gata, apesar de seu totem se parecer mais com uma raposa.- Pode ser uma hora e meia?

–Mas… se chegar aqui em uma hora e meia, mais tarde voltaremos pra casa. E eu não pretendo voltar pra minha antes da meia noite!- A voz oscilou entre os tons. Ela parecia realmente animada. Deveras, faziam três dias que não via sua querida amiga.

– Tudo bem. Eu te pego aí dentro de uma hora então.

–Não se atrase, hein moça?- Usou seu falso tom reprovador, mandou um beijo e desligou.

A mulher sentiu o peso de toda a atmosfera sobre seu corpo mais uma vez. Atender telefones não era de seu gosto. Apesar disso, ela não percebeu, mas havia um sorriso desenhado em seus lábios finos.

Então levantou-se da cama e olhou para a mesma. “Talvez eu deva arrumar isso” Respirou fundo e correu escovar os cabelos para o banho. Era de seu costume escová-los antes de lavar com o xampu de morango.Eles embaraçavam-se menos depois. Com a pele já seca pela toalha macia, espalhou o creme de aroma suave por todo o corpo, escovou os dentes e deixou meia maquiagem pronta. Correu para o quarto e abriu as gavetas. Uma camiseta de alças finas tingida de preto, a camisa xadrez vermelha, o short preto até os joelhos com barras desfiadas e rasgos propositais. Pegou também o coturno, alguns colares, terminou a maquiagem, secou os cabelos e olhou novamente para sua cama. “ Eu....Vou arrumar”

E com a rapidez comparada à um papa léguas, deixou o cômodo incrivelmente organizado. Pegou a mochila, alimentou os cães, fechou a porta e saiu com o carro.

Andou cerca de quarenta minutos pela auto estrada. Mais quinze dentro da cidade e chegou ao portão de sua querida amiga.Buzinou três vezes, como era de praxe, e pelo portão de metal, uma linda garota com longos cabelos negros agitados pelo vento de inicio de noite saiu. Ela usava uma saia preta curta e levemente franzida. Meias até o meio das coxas, uma blusinha simples adornada pelo colete delicado.Ela usava, também, botas de camurça e uma coleira no pescoço.

Sentou no banco do passageiro e abraçou a amiga. Então foram as duas para o restaurante de massas na cidade intermediária.

Quando chegaram ao restaurante, muitos olhares de muitos dos presentes se dirigiram á elas. Talvez pelas pernas á mostra de Nádia, ou pelo estilo ofensivo de Ana. Não se sabe ao certo, mas aquelas duas garotas chamavam muita atenção. E acreditem, não era a intenção delas, elas somente usavam o que as faziam se sentir bem e nem sempre eram roupas que as camuflavam na multidão. Mesmo que fossem, eram moças que marcavam presença por onde passavam. Ainda que usassem capas de invisibilidade, elas seriam notadas de qualquer modo.

Sentaram em uma mesa para dois. Pediram a tão desejada pasta e comeram enquanto conversavam sobre aquele dia cansativo. Era ótimo estar com a companhia desejada depois de um dia como esses. Lembra-se daquela alegria que a mulher sentia em seu peito? Essa alegria tinha crescido tanto desde o telefonema que recebera e mal conseguia esconder o sorriso bobo e o brilho louco que estava em seus olhos.

Nádia chegou a questionar a taça de vinho que a outra tomava, mas como eram apenas uma durante as duas horas que passaram ali comendo e falando, não se preocupou.

A conta foi dividida em duas partes. Seguiram para o estacionamento e entraram no carro. A moça dos longos cabelos negros inclinou-se sobre a motorista e roubou-lhe um beijo suave. Restou à outra apenas fechar os olhos e sentir aqueles lábios macios roçarem nos seus. Levou uma das mãos á cintura e outra à nuca de Nádia, praticamente colocando-a sobre seu colo. As formas internas o veículo não ajudavam muito.

–Para onde quer ir agora?- Ana perguntou entre os beijos cheios de saudade.

–Vamos...para sua casa.

Ambas sorriram. Era realmente uma ótima escolha.

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A euforia canina quando o dono chega tomou conta do portão a ponto de não deixarem Ana voltar para o carro para estacioná-lo na garagem. Foram precisos cinco minutos para isso. Depois de darem atenção aos amigos peludos, elas entraram pela cozinha mesmo e seguiram direto para o quarto da mulher.

As bolsas foram colocadas em cima da escrivaninha, assim como os óculos de ambas. Elas também tiraram os sapatos e as roupas. A noite estava quente e um banho bem agradável era o que precisavam. Enquanto a banheira era preenchida de água quente, as duas moças se lavaram juntas no outro banheiro.

A água quente caia sobre aquele, não tão, incomum casal a se beijar apaixonadamente. Elas estavam envolvidas num abraço confortável que só poderiam encontrar ali, as bocas trocando aquele carinho, aquele amor mútuo que estalava um som molhado.

– Naná, acho que deveríamos checar a banheira. Não iria ser nada bom se ela transbordasse.

–Está bem.- A mais nova brincou com os mamilos alheios como se enrolasse os cachos da outra entre seus dedos e abocanhou-os.

–Ahnn..Nádia..-Ana suspirou e acariciou a face esquerda de sua companheira. O box do banheiro parecia muito mais desconfortável que antes. –Vamos.

Selaram os lábios por alguns instantes e se enrolaram nas toalhas, secaram os pés no tapete de crochê, atravessando o corredor em pequenos pulinhos para que nenhuma gota de água caísse no piso laminado. Então fecharam, ás pressas, a torneira que cuspia água quente como um dragão expelindo fogo.

–How! Que quente!- Exclamou a mais velha tirando a mão apressadamente do registro da torneira. O metal estava extremamente quente. A água preenchia metade da banheira.- Precisamos abrir a água fria pra não cozinharmos vivas ai dentro.

–Ui! Certo.- Nádia retirava uma das mãos de dentro d’água.- Não sei se quero ficar cozida.

Algum tempo depois, a água já estava suportavelmente quente para que pudessem entrar nela completamente. Se acomodaram como podiam. Ana era maior que Nádia em vários aspectos, foi a que teve maior dificuldade em se ajeitar numa posição confortável dentro do recipiente. Ela queria, desesperadamente, poder mudar sua genética e se tornar uma garota visivelmente delicada. Delicadeza essa, que só podia ser notada em seu comportamento. Já a outra garota, bem, ela era a delicadeza, a sensualidade e a feminilidade em pessoa. Por mais arruaceira que quisesse parecer. Por mais ”menina macho” que fosse, ao olhar para ela, Ana via a mulher que sempre quis ser em toda sua vida.

Elas conversaram e riram por mais um bom tempo. Brincaram com a água, os cabelos, os sais de banho, tudo. Até que seus lábios se encontrarem mais uma vez. Seus corpos se reacomodaram inconscientemente, encaixando-as na banheira e em si mesmas. As mãos deslizavam pela pele molhada com seus caminhos indefinidos que queriam cobrir a maior área possível. Aquelas quatro mãos queriam tudo de cada uma em seu poder, e não se soltariam por nada.

Eu disse nada? Bem, as garotas estavam mergulhadas na água há duas horas. Duas horas na banheira apertada. Depois de um longo dia, talvez elas merecessem um lugar mais confortável. E então, saíram do abraço quente da água e se secaram com as toalhas mais uma vez. Mas agora, era definitivo.

Seguiram para o quarto, a meia luz, com os corpos secos enrolados nas toalhas. Mas elas sabiam muito bem que aquelas toalhas eram mera formalidade. Logo que alcançaram o pé da cama, as toalhas foram ao chão, dois corpos quentes de entrelaçaram e deslizaram sobre os lençóis.

Primeiro os lábios, depois o pescoço, ombros, tórax...Novamente os lábios. As mãos nas laterais do corpo menor. Os seios roçando na pele morena. A língua molhando o tecido do ventre.

– Ann...- Ela segurou o rosto da parceira entre as mãos. Suas faces estavam coradas. – Te adoro muito. – Sorriu.- Mais do que consigo compreender.

– Nádia...- A mulher tomou os lábios finos, colocando toda a paixão de seu ser naquele beijo. Ou parte dela, pois, a cada dia que se passava, aquele carinho incondicional aumentava como o desejo de uma pela outra. Crescia a cada dia. A cada hora. A cada segundo que se passava.

Seus olhos se encontraram. Em um a pergunta, no outro a resposta. “ Seja minha essa noite?” Os verdes questionavam. “Essa e as demais noites que pudermos passar juntas.” Os olhos negros respondiam brilhantes de ansiedade e desejo. Elas não precisavam de palavras. Não com a sintonia que tinham.

Depois de marcar suavemente o pescoço moreno, Ana não sabia se era uma ilusão, ou se Nádia estava se deliciando com seu próprio ser. Ela tinha que provar, tinha que saber se tudo aquilo era sonho ou não.

Se beijaram mais e mais. Seios eram beijados, sugados, mordiscados, apertados e roçados uns nos outros. Seus íntimos se tocavam. Ficavam cada vez mais úmidos. Mais inchados. Mais sensíveis. Sensíveis como cada ponto de seus corpos sendo estimulado pelo contato. O contato dos lábios da mais velha na parte interna daquelas coxas roliças que ela tanto amava. Não só os lábios, mas a língua que não queria deixar nenhum lugar passar. A língua que sentiu o sabor que a excitação de sua amada gerava. A língua que a beijara, que a deixara corada e que tiravam gemidos daquela boca delicada.

Os quadris de Nádia se moviam. Suas mãos querendo segurar em algo, mas esse “algo” não estava lá no momento. Talvez esse “algo” fosse os cachos bagunçados. Talvez fosse os lençóis da cama, já desarrumados. Talvez aquele monte de travesseiros.

Em dado momento, as coxas tocaram um ponto específico. Um ponto que as deixava cada vez mais loucas. A cada segundo, suas respirações aceleravam. Os batimentos aumentavam. A pele suava e a mente deixara de pensar em qualquer ouvido curioso. Apenas funcionavam para o êxtase de ambas.

Ana sentiu algo percorrer seu corpo. Ela não sabia o que era, somente se sentia bem com aquilo. Alguns de seus músculos já davam sinais de cansaço. Ela tinha câimbras, mas seguiu até o ponto em que não conseguia se mover. Por causa da defesa inconsciente de seus músculos. Por causa da dor que sentira. Mas ela queria continuar. Queria fazer Nádia sentir a mesma coisa maravilhosa que sentira instantes antes. Essa coisa voltou. Sua mente se apagou novamente, até que seus braços não aguentavam mais o peso de seu corpo avantajado. Ela parou por alguns segundos. Os segundos mais longos daquela noite. Não sabia ao certo se eram mesmo apenas segundos, ou minutos. Tentou fazer seu corpo continuar até que sua parceira chegasse ao clímax. Mas nada mais respondia.

Então Ana se frustrou.

Caiu do modo mais delicado possível ao lado da outra. Olhou em seus olhos. Ela precisava alcançar o topo do universo também. Beijou-a, mas estava cansada de mais. Tentou fazer com que a outra tomasse as rédeas, mas também estava exausta.

Uma luz oscilante iluminara o quarto tão discretamente, que as pupilas já estavam acostumadas, sem que elas percebessem. A veneziana estava fechada, mas a luz fraca do dia que estava para nascer já se fazia presente.

Elas trocaram mais alguns carinhos. Vestiram pijamas e abriram a grande janela que mais parecia uma porta dupla. Os cães as receberam muito felizes e saltitantes. Viram o sol terminar de nascer, limparam os pés sujos de poeira e entraram novamente para o quarto.

Estavam cansadas e com sono. Ana esparramou-se na cama como um gato folgado. Ops! Uma raposa folgada. Nádia engatinhou sobre o corpo da mais velha e beijou seu pescoço.

– Te adoro, muito.

– Eu também.

Elas se aninharam uma nos braços da outra e dormiram por algumas horas. Exceto Ana, que despertava de tempos em tempos e ficara a observar a face daquela bela moça que dormia em sua cama.

Pode não ter sido daquela vez, mas a mais velha prometeu a si mesma que daria seu máximo para que a outra pudesse ver os portões do paraíso.

Talvez aquele fosse mais um dia comum. Talvez fosse um dia em que tudo mudaria. Ou somente mais um lindo dia de sol.

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